sábado, 6 de março de 2010

A mensagem


No caminho para o porão o garoto estava mais sorridente, nem parecia o mesmo que havia entrado na velha casa á algumas horas, o fato de carregar uma resposta em seu peito causava-lhe esse efeito. Ele foi caminhando, e por estar escuro esbarrou em alguns moveis, derrubou algumas coisas e ao passar pela escada que subia, mas não dava em lugar nenhum ele viu algo que não tinha notado antes: uma mensagem escrita na parede e um retrato do homem barbudo que já foi citado, este ainda inteiro.

A mensagem era forte e para evitar que você tenha a mesma frustração que teve o nosso garoto ao lê-la, prefiro resumi-la eu uma só palavra: “Fracassado”.

Aquilo mexeu com nosso jovem e o fez novamente ficar irritado, uma musica alta e irritante tocava em sua cabeça, com gritos roucos ao fundo, lembrando-lhe da mensagem que ele acabara de ler. O ódio tomou conta do seu coração, ele começou a se debater como que se acompanhasse a música e lagrimas de revolta começaram a se formar em seus olhos, mas elas não rolaram, e isso o deixou pior. No seu sub consciente uma forte associação da musica, da mensagem e do retrato levavam mais ódio ao seu coração. Naquele momento ele se pergunta o mesmo que você deve estar se perguntando agora: “Por quê?”.

Mas ele não poderia encontrar a resposta, não naquele momento, e ao se debater ele fez a única coisa que conseguia pensar em fazer, e que deduzia que fosse aliviar sua dor, tirou o retrato da parede e com todo ódio que tinha dentro de si o lançou ao chão e o pisoteou, abaixou e pegou a foto, olhou bem para ela, e nesse momento ele sentiu uma energia vindo do retrato que estava no seu bolso esquerdo, e finalmente uma lágrima saiu de seu olho, e rolou lentamente pelo seu rosto, uma lágrima de quem fora consolado e desabafou, uma segunda lágrima se formou e caiu rapidamente, essa de raiva, provavelmente com inveja ou saudade da sua companheira que resolveu sair primeiro.

O retrato continuou a mandar uma forte energia para o seu coração, limpando toda a ira. Mais calmo o garoto sentou-se num degrau da escada, e ficou olhando para a foto, mais algumas lágrimas rolaram, até que ele se levantou, embolou a foto e a colocou num bolso da calça.

Ele agora olhava tudo em sua volta, e por um instante todos aqueles sons, as vozes a música, os gritos em sua cabeça, todos eles cessaram, e ele pode ouvir uma melodia suave, ele pode senti-la percorrendo o seu corpo era algo radiante, mas ele ainda não a compreendia e nem sabia de onde ela vinha, ele suspeitava, mas não acreditava que fosse possível estar certo.

O garoto suburbano queria largar tudo e ir embora outra vez, mas agora algo mais importante que as respostas o prendiam naquele lugar.

Ele seguiu para o porão, e mesmo algo dizendo para não ir, ele insistiu e ao passar pela porta que separava o porão do resto da casa a melodia cessou e os antigos sons voltaram a sua cabeça.

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